24 de novembro de 2009

Porque criei este blog?

Há quem me tenha perguntado, não por não perceber o objectivo em si, mas no sentido de ter dado a cara.
Ora bem, dado a cara de quê? Há alguma coisa a esconder? Quem tem cancro deve esconder?Quem tem sida deve esconder? Quem parte uma perna deve esconder?
Quem tem problemas de ansiedade, auto-estima e histórico de depressão deve esconder por que carga de água?
Já devíamos estar bem mais à frente no capítulo dos preconceitos.
Não tenho nada a esconder. Muito menos uma questão de saúde. É tão banal ou importante como qualquer outra coisa. De facto, mexe com sentimentos e emoções e pode melindrar tanto os que sofrem de alguma das patologias que abordo aqui, como aos que os rodeiam. Mas e então?

Se alguém prefere enfiar a cabeça na areia, faça o favor. Mas não esperem, nunca, que eu o faça, seja sobre que assunto for.


2 comentários:

DRC disse...

Enquanto preconceito ou acto/pensamento social, as depressões nas suas mais variadas facetas deixaram (acho eu) de ser motivo de vergonha, mas havia esse enquadramento social... por exemplo o suicidio, há uns anos (quando a igreja/religião tinha algo a dizer)tal coisa era considerado um pecado e os familiares seriam sempre "vexados" socialmente, hoje em dia e usando o exemplo do Enke, uma pessoa suicida-se e... tem 50000 pessoas a prestar homenagem a uma pessoa que tinha... um problema, não um preconceito. Preconceito aqui só se for a discriminação do número de pessoas a fazer homenagem por uma figura pública enquanto outros discretamente continuam a sofrer e nenhum dos 50000 daqui a 3 meses vai pensar em ajudar.

Tu "deste a cara" não só para ajudar-te a ti própria, mas também para ajudar outros em situações semelhantes. Isto a nivel... social, porque a nivel pessoal, tu já disfarçaste estares bem quando estavas mal, fosse para não responderes perguntas, para não preocupar amigos e familiares, etc. Se alguma dessas pessoas viu-te "bem" e agora sabe que não era bem assim... nem todas as perguntas sobre dar a cara sejam preconceituosas, mas isso eu sei seguramente que sabes distinguir.

Beijo grande

Anónimo disse...

Olá Ana. Vim aqui hoje pela primeira vez. Nem imaginas o que tem sido a minha vida por causa desta terrivel doença. O que posso contar hoje, aos 38 anos, é que há saída e cura. Foram vinte anos (pelo menos) desta doença diagnosticada. Nem parece que já passaram vinte anos, mas é verdade... No meu caso foram muitos factores a despoletar a doença, e quanto mais aprendo e penso no assunto, mais vejo com era dificil sair da depressão.Mas consegui. Cada caso é sem dúvida um caso, mas vejo que se levei 20 anos disto, e saí, então muita gente vai sair em muito menos tempo provavelmente. Vários médicos me disseram que não tinha cura. NUNCA acreditem nisto. NUNCA DESISTAM por muito duro que seja. Eu tive violencia domestica pelo meio no meu casamento e familia de origem, um divorcio litigioso, crises de panico, ansiedade social, onze anos sem trabalhar ou sair de casa de manhã praticamente, uma doença metabólica que ajuda e muito á depressão, uma gravidez e parto de alto risco, nódulos em varias zonas do corpo, nem me lembro já de tudo...:) TIVE. Passado! E é incrivel como consegui sair já lá vão três anos sem qualquer medicação psiquiatrica e sem qualquer sintoma. Nem eu própria (confesso agora) acreditei muito em cura. Melhorias substanciais sim, cura, confesso que não acreditei lá muito. Venci tudo, hoje tenho uma vida feliz, realizada em todos os niveis,não me posso queixar, o meu filho está bem e saudavel também, aprendemos muito, fomos muito fortes (modestia á parte).Deixo aqui o meu testemunho resumido. Parabens pelo blog, obrigada pela tua contribuição para o esclarecimento de todo este tema. Um beijinho e força!:)
Ana